SOU MAIS OU MENOS ASSIM

SOU MAIS OU MENOS ASSIM

14/06/2018

SÃO "CHICO" DOS APELIDOS




Eu aprendi, gauderiando,
andando de ninho em ninho,
que uma forma de carinho
é tratar por apelido.
Não sendo depreciativo,
não apontando um defeito,
é uma maneira, um jeito,
de chamar alguém de amigo.

E a velha terra crioula
é campeã neste sistema
pois são dezenas, centenas,
usando um termo esquisito.
No fim se torna bonito
chamar alguém de Marreco,
de Peladinho, Tareco,
Ganso Galinha, Cabrito.

E a gente acaba esquecendo,
diante de tanto salseiro,
qual o nome verdadeiro
do índio que nos rodeia.
Como ninguém esperneia
e atende quando chamado
gostamos deste legado.
Não é verdade "Zoreia"?

Pra que os senhores conheçam
um pouco deste mundéu
temos o Foice, o Xexéu,
Cachorro Véio, Pinduca,
Gaudério, Tatu, Maruca,
Sabugo, Budi, Mijado,
Porongo, Sopa, Caiado,
Repolho, Moka, Macuca.

Lagarto, Didi, Caduco,
Capacete, Gameleiro,
Alicate, Budegueiro,
Pato, Itajiba, Pinhão,
Bolo, Candinho, Pregão,
Gasolina, Tico-tico,
Cevada, Pingo, Munico,
Cegonha, Gordo, Canhão.

Quem conheceu ou conhece
o Rei do Taco, o Candoca,
a Bailanta da Tiloca,
Chatolino Pipoqueiro,
Negro Norte e seu Pandeiro,
Jaíco na de botão,
o Godóy, um zagueirão
e o Paulo Funileiro?

Também escrevo em memória
de amigos que foram cedo
Russo, Maqueba, Galego,
Seu Pedrinho, Renatão,
com certeza aonde estão
são chamados deste jeito.
O céu é um lugar perfeito
pra tratar bem um irmão.

E aproveitando o momento,
pra findar meu verso torto,
me chamam Ladrão de Porco
e assim sou conhecido.
O poema já está comprido
por isso encerro o escrito.
Já decantei meu São "Chico"
Cidade dos Apelidos.